Viagem Aventura 2019

Recuperámos o diário da Isabel da sua primeira viagem à Mauritânia onde fomos mais uma vez às compras, esperemos que gostem.

A viagem aventura iniciou-se na SEXTA FEIRA 5 de abril, partimos de Montemor, Cabeço Mouro, às 21h30m direção a Badajoz , o conta quilómetros marcava 226301 Kms.

Paramos em Sevilha para pôr gasóleo e continuamos a viagem até Algeciras. A viagem foi tranquila e não dispensámos a mantinha a tapar as pernas, quer dizer, eu, a tapar tudo, viajei só com o nariz de fora, pois estava um frio de rachar e a chuva, embora não tivesse sido convidada, fez questão de nos acompanhar. Chegamos ao porto de Algeciras às 5h30m.

O porto é enorme e confuso, começou a trovejar e tínhamos como música de fundo, além dos trovões o canto das gaivotas. A chuva continuava a fazer-nos companhia.

NOITE BEM PASSADA!

SÁBADO- 6 de abril

Viagem tranquila, apanhámos o barco às 8h30m e chegamos a Tanger às 10h. Na fronteira a polícia fez questão de nos colocar um cão dentro da carrinha a cheirar tudo e chegaram à conclusão que tínhamos cheiro de cão nas nossas coisas, é do querido Zoko. Lá vamos nós a caminho …Rabat às 18h30 e às 21 chegamos a Settat, onde dormimos na pensão ET e o jantar foi confecionado pela querida cozinheira, Sofia.

DIA BEM PASSADO!

DOMINGO – 7 de abril

9h partida em direção a Marrakech. Viagem com vista para o Atlas que está adornado com neve.

Paisagem de solo seco com pequenos arbustos, ovelhas com fartura, casas sem telhado, prontas para ser levantado mais um andar à medida que a família crescer (estes mouros pensam no futuro) e Sol, que Bom companheiro.
Numa terrinha a 20 km de Minetamout, degustamos a 1ª tajine desta viagem, que era Muito Boa ao preço de 70 MAD ( 10 marrocan dirhm = 1euro).

Perto de Tizenit foi o meu 1ª encontro com uma família desconhecida, paramos no “nada” e fomos convidados a ir beber um chã “o chefe da família” falava francês e ficamos com o contacto dele, Mohamed Tizenit. Comemos também pão caseiro molhado em azeite. As mulheres e as crianças falavam sorrindo.

Seguimos em direção a Tan-Tan, passamos por uma cidade que estava toda iluminada como se fosse natal – Guelmine – grandes casas, grandes avenidas, grandes hotéis. Tanto a entrada como a saída desta cidade eram esplendorosas.

O jantar foi em Tan-Tan às 23h, aqui as avenidas também são enormes e cheias de gente, o comércio ainda estava a funcionar. Jantamos numa pizzaria perto do Hotel Sable d’Or.
A dormida mais uma vez foi na “House ET” a poucos quilómetros de Tan-Tan.

Curiosidades:
Sempre às entradas e saídas das cidades e vilas há controlo policial e também muitas vezes no meio da estrada.

Hoje só “mamámos” 750 km mas os últimos eram difíceis de digerir, Resumindo:

DIA BEM PASSADO!

SEGUNDA FEIRA – 8 de abril

Tan-Tan – Tarfaia – Laayoune
Acordei com o horizonte a perder de vista e depois de poucos km de sair de Tan-Tan já avistávamos o mar. Continuámos viajando bem sentadinhos na “House ET” e em Laayoune foi a 1ª terra onde a polícia nos pediu os nossos documentos em papel. O João já sabia deste pormenor e fizemos 30 fotocópias do passaporte, vamos ver se chega…

Tarfaya – primeira terra do território do Sara Ocidente, Terra da “Frente Polisardo”.

A viagem de Tan-Tan até perto de Dakhla – 800 km – foi feita por estrada sempre a direito, ora estrada nova ora estrada velha, com paisagem a “tocar o céu”. Terra seca sem casas, algumas dunas, com a mar a espreitar de vez em quando. Neste percurso dei o meu 1º mergulho nas dunas. Pela noite dentro…no último controlo da polícia, fomos convidados a pernoitarmos junto deles, assim fizemos, a “House ET” nessa noite ficou vigiada, guardas bem fardados, cabeça e cara coberta, Homens.

DIA BEM PASSADO!

TERÇA FEIRA – 9 de abril

Antes de iniciarmos a nossa viagem para Guerguarat, onde é a fronteira, o João quis dar-me uma prenda visual. Levou-me a ver a Baia de Dakhla, não tenho palavras para a descrever, mas já combinámos – —-no regresso este é um local de paragem obrigatória!

São 10h voltámos à estrada que não tem fim, às vezes parece que vamos chegar ao céu, do nosso lado direito avistamos o mar e a península de Dakla que é enorme.

Além das belas vista que nos têm acompanhado, a simpatia dos marroquinos tem estado sempre presente.

A 80 km de distância de Guerguart parámos num café espectacular , “O Barbas” tem um jardim na entrada como um oásis. Além de uma grande esplanada tem pequenas salas com colchões e almofadas no chão, as salas à moda da Mauritânia, onde deitados saboreiam o seu chá. Esta bebida para os mauritanos é uma bebida “sagrada”, nunca viajam sem os utensílios necessários para preparar o seu chá. É possível comprar um Kit para viajar, um copo, bule e pequeno camping-gás.

15h15 – Chegamos à fronteira de Marrocos; além de mostrarmos o passaporte a carrinha passou no detector de RX, assim como nós. Aqui na fronteira tive a prova que há pessoas muito mais friorentas que eu, para eu estar de manga curta e de saia é sinal que já está uma temperatura muito agradável, mas aqui, encontrei duas mauritanas de luvas, meias de lã e manta polar. Agora são 17h50 continuamos na fronteira, esta da Mauritânia, já temos o visto mas faltam os papéis da carrinha. NÃO HÁ PALAVRAS para relatar este local.

Como descrever a fronteira da Mauritânia??…….Estamos num “Filme do Futuro” onde a paisagem é totalmente deprimente, solo de terra branca, lixo, sucata, mais lixo, muralhas cujas paredes estão tapadas pela areia e os arames farpados “enfeitados” com plásticos, garrafas, papel etc…

Carros velhos ao abandono…. Uma sucata aqui, mais outra um pouco mais além e mais sucata e sucata, assim são as vistas desta fronteira. Às 18h30m deixámos para trás esta visão do futuro e seguimos em direção a Chami. Cidade construída há 4 anos, devido à exploração de ouro.

Já passámos por 4 postos de controlo, o vocabulário é sempre o mesmo:

– Bonjour

– Nacionalite?

-Oh Portugal…Futebol….Cristiano

– Cadeuax?

– Bon voyage!

Seguimos estrada fora pela noite a dentro, perdi a conta aos postos de controlo que decorreram sempre sem problemas e com simpatia.

Estou encantada com um modo de cumprimento destes povos:

Tocam Com A Mão Direita No Coração.

Chegámos à 1h da manhã à capital da Mauritânia, Nouakchott, diretos à loja do Sidi “Free Man” loja de roupa ocidental masculina, “a Zara lá do sítio” que se encontra numa das avenidas principais da cidade.

Agora são 2h da manhã, uma hora mais cedo que em Portugal. O Sidi levou-nos a um restaurante para jantarmos, o qual já estava fechado. Mas como diz o ditado “nada é impossível na Mauritânia” O dono mora ao lado, entregou a chave ao Sidi para que fossemos comer qualquer coisa…mas não havia coisa nenhuma para comer e o Sidi saiu para ir comprar uma pizza. O João e eu estamos sozinhos num bruto restaurante a meio da noite, já nos servimos de uma Fanta e aguardamos o jantar…

Não sei como posso descrever o que vi até agora desta cidade…grandes casas com fachadas trabalhadas, em ruas de terra ao lado de barracas. Grandes avenidas onde estão lado a lado o sucateiro e as lojas VIP da moda. Às 3h da manhã entrou o último cliente na loja Free Man.

São 4 da manhã vou dormir dentro de uma tenda de rede, não… não estou a acampar estou mesmo em casa do Sidi!

DIA BEM PASSADO!

QUARTA FEIRA – 10 de abril

Iniciámos o dia num café com um bom pequeno – almoço composto por: pão um tipo de crepe(muito bom) sumo de laranja, chá café mel e azeite. Da explanada observo um pouco o caos que é nas ruas de Nouakchott, carros fazendo manobras em sentido contrário, os sinais vermelhos são constantemente ignorados…mas tudo tranquilo…

Os carros:
“grandes bombas” e “verdadeiros ferro-velho”- aqui também OS EXTREMOS ESTÃO LADO A LADO.

A simpatia moura continua a ser nossa companhia.

Almoço em sala privada no restaurante – que ontem à noite até parecia que éramos nós os donos – “Casa do Sol” , e depois de uma boa sesta fomos até à loja do Sidi dar uma mãozinha.

Não estaríamos na Mauritânia se não tomasse-mos um chá feito como manda a tradição. É um autêntico ritual…servido num pequeno copo que até ser bebido, foi cheio e despejado para outro copo e despejado para o bule, adoçado e cheio e despejado e… não esquecer a bandeja, utensílio muito importante para a confeção do “célebre chá”, serve para pousar os copos, serve de alguidar para lavar a menta, para lavar as mãos.

São 21h30 estamos já algumas horas em casa de um amigo do Sidi (o dono do bruto restaurante), a beber e a apreciar o famoso chá mauritano, acompanhado de muita conversa verbal e gestual.

Hoje foi dia de descanso e de tentar absorver tudo o que me rodeia, mesmo depois de ouvir o João a contar 500 histórias deste país, tudo o que se passa à minha volta é novidade.


Curiosidades:

  • A carrinha está a perder óleo o que não estava no programa.
  • Ao lado da loja do Sidi, está uma menina com 10/12 anos com uma pequena mesa a vender os seguintes produtos: ovos cozidos, tabaco, (que pode ser só um cigarro, tudo depende do poder económico do cliente), saquinhos com frutos secos, chocolates e pouco mais.

Por volta da meia – noite fomos para casa e jantamos sandes com ingredientes portugueses.

DIA BEM PASSADO!

QUINTA FEIRA – 11 de abril

Começamos o dia por volta das dez horas com o pequeno – almoço em casa do Sidi, que já tem mesas e cadeiras emprestadas pelo café “Casa do Sol”.

Casa do Sidi: Relativamente perto da loja Free Man, ao lado de um campo de futebol em terra, com as balizas de ferro já cheio de ferrugem. A casa tem um portão em ferro do qual é possível ficar com a fechadura na mão, a entrada dá para um pequeno jardim e a casa é no 1º andar. Tem um grande hall de entrada, uma pequena cozinha, um quarto e sala de boas dimensões. É na sala que dormimos, na 1ª noite esta sala só tinha a meio uma carpete e duas tendas mosquiteiras que é onde dormimos, hoje já tem uma mesa e três cadeiras. A casa ainda não está mobilada porque vai ser pintada, a cozinha já tem frigorífico e um camping-gás que foram adquiridos em nossa honra. Está-se bem aqui, ouve-se os passarinhos, os chamamentos para a oração e os barulhos das obras com alguma frequência. Esta cidade é uma cidade em obras, entulho e lixo não falta por aqui.

As avenidas são bastante largas com estradas alcatroadas mas os passeios em terra. Os carros circulam anarquicamente como der mais jeito ao condutor. Os carros são de boas marcas, principalmente Mercedes e Toyota, mas são raríssimos os que estão em bom estado. A maioria são Mercedes que  estão completamente podres, sem faróis, sem espelhos retrovisores (chamados as orelhas dos carros, que muitos não vêm utilidade e tiram-os para os oferecer às mulheres), carroçaria amolgada, riscada, sem tinta, os porta-bagagens amarrados com cordas… e tudo o que se possa imaginar, aliás é preciso ver, pois um europeu não consegue imaginar esta frota automóvel.

Depois do pequeno – almoço fomos até à loja do Sidi, eu queria ir logo tratar do assunto da carrinha, mas aqui é tudo devagar devagarinho….

A carrinha já está no mecânico vai ser um arranjo simples é só mudar a bomba de embriaguem e já está! O que não é simples é encontrar a peça, o Sidi já foi a “500 lojas” e peça para comprar é mentira.

Fomos almoçar a um restaurante que o João conhece bem – o Begue – comemos um gostoso Tiebujine e bebemos a minha bebida preferida aqui na Mauritânia – o Teijmarc feita com os frutos do Baoba

Depois de uma boa sesta lá iniciamos o passeio a pé que eu tanto ansiava, até ao mercado Capital para ver os célebres Véus da Mauritânia.

Mercado Capital

Não é fácil descrever este local, pois não tenho termos de comparação…imaginem uma feira da ladra dentro de um grande barracão iluminado a semi-luz, o chão em terra com lixo (ou será um chão de lixo com terra?) a maioria dos produtos à venda são os famosos véus, mas também podemos encontrar malas, ouro, sapatos, etc..o espaço de cada vendedor é pequeno e este barracão é um autentico labirinto. Os vendedores usam uma espécie de longo espanador, com o qual batem com frequência nos produtos para tirar o pó.

O vendedor conhecido do João não foi fácil de encontrar e depois de várias conversas lá nos levaram a outro mercado onde poderíamos encontrá-lo, aliás, ao pai dele, pois ele tinha-se mudado para outra terra.

O mercado novo já posso dizer que é um estilo Martim-Moniz. Aqui perdemo-nos nos tecidos… escolher não é fácil…o preço deste e deste e tira tecido e tira foto e agora este e mais o outro e mais uma foto…UFFFF …já ficámos com uma ideia amanhã vimos comprar, quer dizer “talvez ….” pois aqui na Mauritânia não se programa nada vive-se o momento! Por exemplo:

  • O arranjo da carrinha – ontem dizíamos que era coisinha simples…hoje dizemos não há a peça….
  • Ontem planeamos ir ao MB levantar dinheiro – afinal o cartão não funciona aqui….

Aqui tudo é imprevisível, um amigo do Sidi, também conhecido do João, o Kalil, emprestou-nos dinheiro.

No meio destas emoções todas há que referir a compra de um maço de tabaco.

Foi estilo “ a boa sção do Dia do João”. Ele precisava de comprar tabaco, mas queria fazê-lo à menina que tem a banca à frente da loja, como ela nunca mais montava a banca o Sidi levou-nos a casa dela. A casa da pequena vendedora é uma tenda, no meio do lixo e à frente de um casarão. Aqui é habitual os donos das grandes casas (que até não são poucas) terem seguranças os quais habitam em frente da casa do patrão. Esses seguranças vivem com a família, que em geral não é pequena… muitos filhos, + as noras/genros + os pais + os avôs + um primo +….. é o caso da pequena vendedora. Ela ficou toda contente quando nos viu e fomos logo convidados pelo pai a entrar. Tudo sentado no chão e numa ponta da tenda estava um homem também sentado no chão a passar a ferro, a peça de roupa que ele estava a passar, que penso que talvez fosse um bubu, (traje típico masculino), era branco como a neve e contrastava completamente com o resto de cenário que era sombrio e sujo, mas as personagens tinham um sorriso rasgado e um olhar brilhante.

O João lá comprou o tabaco e todos ficaram contentes. Confesso que também fiquei contente de Não termos sido convidados para beber um chá.

A miséria e a luxúria moram lado a lado nesta cidade.
A tranquilidade habita lado a lado com o caos nesta cidade.


Nota:

  • Vê-se mais cabras nesta cidade do que cães, acho que até hoje só vi um cão aqui em Nouakchott

Acabamos o dia a jantar em casa do Sidi, só o João e eu mais um frango assado e fechados à chave e sem a chave, mas isso é um pequeno pormenor que não vale a pena mencionar, mas O Frango Assado tem uma história que vale a pena contar:
O Sidi e o João resolveram comprar um frango assado para ser um jantar rápido e foram comprá-lo ao restaurante (único-célebre-imprivisivel) Casa do Sol, enquanto esperavam toca de beber algo… depois de vários chás e cafés descobriram porque estavam à quase 2 horas à espera do frango assado:
Como o restaurante já não tinha frango, foram comprá-lo e cozinhá-lo.
Claro que acabámos o dia a rir….
Resumindo….foi um….

DIA BEM PASSADO!

SEXTA FEIRA – 12 de abril

Acordamos com o Sidiati (empregado do Sidi) a bater à porta do 1º andar, tinha saltado o muro lá em baixo para chegar aqui e queria a chave, pois na rua estava o Sidi com as compras para o pequeno-almoço. Como a chave não estava connosco, mas sim com o irmão do Sidi que tinha saído deixando-nos fechados à chave, o desgraçado do Sidiati teve de saltar o muro várias vezes para que as compras chegassem até nós. O Sidi entretanto foi à procura do irmão para que este lhe entrega-se a chave. Com estas peripécias todas iniciamos o dia com uma boa barrigada de riso além de um bom pequeno-almoço aqui em casa.

É quase meio-dia, o Sidi dorme, pois nada dormiu durante a noite, histórias à Sidi….

Aguardamos novidades por parte do mecânico e enquanto aguardamos fizemo-nos acompanhar com uma boa sesta.

A sesta:

Este povo é dos povos que passa mais tempo deitado.

Nas lojas é corrente estar-se deitado ou no chão ou mesmo em cima do balcão (eu vi), claro que perto dele tem de estar tudo o que é necessário para fazer um chá, que vão bebendo várias vezes ao dia. O chá é servido um pequeno copo que tem mais espuma que chá e uma tonelada de açúcar.

Por falar em açúcar….lembrei-me de uma ideia do Sidi, quer comprar uma máquina de empacotar açúcar para vender nos cafés e restaurantes, pois aqui o açúcar é servido em torrões que quase não cabem nos copos. _ Ideias à Sidi!

Mas voltando à sesta…Em frente da loja Free Man há uma tenda de descanso, há várias espalhadas pela cidade, quem quiser deitar-se um pouco é sempre bem vindo….Tanto o Sidiati como o Sidi quando se sentem cansados praticam este “desporto” quando estão na loja, pois na Free Man não é permitido estar deitado (influencias ocidentais).

São 4 da tarde, e tudo corre dentro da normalidade, esperamos no restaurante Casa do Sol o almoço que afinal não há, fomos comprar uma pizza e comer na carrinha que continua estacionada em frente à loja à espera de uma peça(…coisinha simples…).

O resto da tarde foi um Filme.

Mas este Filme foi real

À procura de uma peça para a carrinha
em locais onde o lixo é Rei
e a pobreza Rainha.

Depois de muitas voltas já temos a peça mais um mecânico e a carrinha está a ser arranjada à frente da loja do Sidi.

Aqui na Mauritânia o carro também é rei, tudo lhe é permitido, se é necessário desmontar um carro no meio da estrada “pás de problem” toca a desmontar e em breve estará a andar….
Enquanto procurávamos a peça para a carrinha passamos por ruas onde coabitam cabras, pessoas, burros, lixo, terra, + lixo, pneus , + montes de pneus + ferro velho(para mim, para os mauritanos é tudo utilizado) +pessoas+moscas+lixo……

Curiosidades:

Os Centros de Emprego

Encontram-se em cada esquina….e com o respetivo empregado.

  • O canalizador está com um cano na mão.
  • O electricista tem a seu lado um cabo eléctrico.
  • O pedreiro está acompanhado com a sua pá.
  • O pintor tem na mão o pincel.

É só escolher
Sem ser necessário
Papel preencher

No final do dia a “menina”do João já esta arranjada.
Ficámos cansados com estas andanças todas, jantámos em casa …e
Xi-xi – Cama

Para variar foi um…

DIA BEM PASSADO!

SÁBADO – 13 de abril

Iniciámos o dia com um passeio turístico fomos ao 5º Eme.
Zona de muito comercio, muita pobreza, muito lixo, muitas moscas, muito trânsito, onde se cruzam burros, pequenas carroças puxadas por pessoas, carros, tudo e todos bem juntinhos, muitas cores, muito calor.

Aqui vende-se um pouco de tudo, alcatifas, fruta, vegetais, almofadas, sapatos, plásticos, malas etc. é uma autentica feira, mas TODOS BEM JUNTINHOS.

É neste local que vamos comprar os “nossos Waxs”. A loja até é bastante grande, cheia de tecidos, desde o chão até ao tecto. Não vai ser uma tarefa fácil e muito menos rápida.

No percurso passamos por ruas com muitas carpintarias, os móveis estavam expostas na rua, em geral são todos trabalhados. O trabalho artístico está presente em quase todas as casas. O muro em cimento tem uma pequena porta em metal mas todo trabalhado. As entradas das casas em geral têm sempre algo de artístico.

Nesta zona, o 5º Eme, o trânsito de carros, de burros, carroças, pessoas é caótico mas sem stress, o Sidi fez de polícia sinaleiro e também andou a empurrar um carro, aqui todos se ajudam.

O almoço foi na pizzaria (desistimos da Casa do Sol), local limpinho e fresquinho.

À tarde fomos até ao Ksar visitar uma prima do Sidi, procurávamos aquela que tinha vendido os primeiros véus ao João, mas não a encontramos, então fomos a casa da prima Mena Syda, deitados no chão como manda a tradição, a beber o refresco espectacular – Teijmar – também conhecido por Bouye. Depois de muita conversa, ela fala francês fomos ao terraço ver as vistas e os animais de estimação, duas tartarugas já grandinhas.

Antes de sairmos foi-me oferecido um tecido e saí de lá de casa como uma moura, vestida com uma melafa, (traje tipo feminino, pano enrolado que cobre o corpo desde a cabeça aos pés).

Continuámos com o nosso passeio turístico…….sempre na boa companhia do amigo Sidi.

A Praia:

Areal e mar a perder-se de vista, meia dúzia de pessoas e uma dúzia de camelos. O caminho para a praia é de terra batida e o vento teima em nos fazer companhia. Estivemos na conhecida praia da Nicole, claro que fui molhar o pezinho, a água está óptima, mas a banhoca fica para a próxima, pois está na hora dos pescadores chegarem à praia e fomos até ao porto.

O Porto:

Como eu gostava de ser pintora, para poder retratar este local cheio de vida.

As CORES, a extensão de barcos que não tem fim, tanto no mar como na terra.

“Três Telas” – distintas e interligadas entre si.

  • A Primeira Tela: – é a linha do mar, com centenas de pequenas embarcações todas coloridas, todas em posição paralela ao areal, todas as embarcações como se estivessem numa montra. Era uma visão que transmitia tranquilidade pois o mar assim se sentia. MAR e BARCOS um só Corpo…. A palma da mão e os seus dedos abertos para o céu.
  • A Segunda Tela: – Os barcos chegam ao areal, puxados por cordas onde o ritmo de um cântico marca o movimento e a força do homem. Aqui. O barquinho que estava na montra, ganha vida e dele “brotam” jovens, todos vestidos com casaco e calças de oleado, descalços, transportando na cabeça caixas cheias de peixe, o qual vai caindo à medida que eles correm como se estivessem numa pista de atletismo, correm 100m e passam a caixa para outro jovem, como uma corrida de estafetas até a caixa chegar ao cais.
  • A Terceira Tela: -Tem o areal como base onde as embarcações estão todas na perpendicular em relação ao mar. Todas bem direitinhas, umas mais para a frente outras um pouco mais para atrás, muitos,…muitos,..barquinhos,..muitos…não se consegue avistar o fim e por entre estes pequenos barcos, todos pintados de muitas cores, serpenteiam centenas de pessoas, uns vêm apanhar o peixe que caiu das caixas transportadas pelos “jovens atletas” e conforme estão mais ou menos espezinhados serão para comer ou vender.
    Outros vendem café com pimenta que transportam dentro de um pequeno bidão e andam a passos largos para poder chegar a mais clientes.
    Homens, Mulheres e Crianças preenchem o areal que não tem barcos.
    Esta visão é repleta de Movimento e de Cheiros.

O Cais – A Lota

As bancadas podem ser grandes plásticos estendidos no chão, repletos de peixe de todos os tamanhos e feitios.
Carrinhas de caixa aberta com o peixe amontoado, da mesma forma que se transporta a terra ou as pedras para as obras, assim é o modo como o peixe fresquinho é transportado.

Carripanas de transporte de peixe

Só Ver para Querer……..Mais ainda… tirar uma foto para ficar registado, senão ficamos a pensar que o que vimos foi um sonho. E quem vê só a foto, não acredita que a carripana anda, mas acreditem que anda Eu Vi!

Tive o prazer de saltar para o “sonho”; e lá estava eu sentada dentro de uma daquelas carripanas, que parece que vieram da 1ª guerra mundial, o tablier só tinha o volante que é enorme e todo enferrujado, em frente ao banco do lado do condutor estava o bidão com a gasolina que alimenta a “bomba”. Tirei uma foto dentro da magnífica carripana, será uma foto para a “História”.

Mauritânia é um país de extremos e há velocidade de “Um Estalar de Dedos”, passámos de um “mundo” onde a vida é feita de Grande Azáfama, cheia de pessoas onde predomina a pobreza e o cheiro nauseabundo é constante, para um “mundo” super tranquilo onde o luxo é exuberante com cheirinho a incenso. É o mundo de quem tem dinheiro, foi nesse mundo que jantamos, em casa do Kalil, amigo do Sidi, ele presenteou-nos com um grande banquete.

A sala é enorme, retangular, uma parede contêm uma grande TV, as outras 3 paredes estavam preenchidas por grandes colchões e almofadões. O chão está coberto com alcatifa e a meio da sala uma grande e fofa carpete, era em cima desta que se encontrava uma toalha de mesa, tom de mel, bem limpinha e esticadinha qual albergava uma grande quantidade e variedade de comida, assim como vários tipos de sumos naturais e engarrafados.

Sentados no chão, iniciámos a refeição com umas tâmaras que além de serem super saborosas eram enormes.

A travessa maior que eu vi, em toda a minha vida (e já lá vão 60 primaveras), está á minha frente…cheia de diversas saladas compostas por legumes, frutas, ovos, atum etc, ordenados harmoniosamente e regados com maionese QB. Registamos também esta imagem para não pensarmos que tinha sido um sonho.

Além desta super travessa estavam outras com frango assado, batatas fritas caseiras, esparguete com carne picada com legumes, uma deliciosa melancia e frutas variadas.

Neste jantar também estava um amigo marroquino que era muito divertido, mas a mulher do Kalil não esteve presente, pois a mulheres não comem com os homens. Só a vimos à porta da cozinha e foi ela que preparou todo este banquete.

Tenho de confessar que a minha barriga “sofreu” com a minha “gula”.

Curiosidades:

  • Os caroços das azeitonas ou os ossos do frango, não ficam na borda dos pratos (havia pratos porque os convidados eram estrangeiros), mas são atirados ao acaso para cima da mesa, neste caso para cima da linda toalha.
    Em geral os homens comem numa sala e as mulheres noutra, eu estava presente porque sou estrangeira.

EXTREMOS…EXTERMOS…

A Simpatia…..
O Encanto Mouro…
estes homens e mulheres tapados da cabeça aos pés mas de sorriso rasgado e olhos brilhantes….

EXTREMOS……………………………EXTREMOS………………………….

As mulheres não comem com os homens! Porquê …???? Porquê?????? SÃO AS MULHERES que DÃO VIDA aos homens……………………

Aquele cumprimento que me conquistou….TOCAR com a Mão Direita no Coração.

EXTREMOS……Aqui os Extremos Andam de Mão Dada.

Continuando com a história do jantar: fomos para casa a segurar a barriga.

UM DIA PARA MAIS TARDE RECORDAR

Felizmente tenho as fotos
senão pensaria
que tinha passado
o Sábado a delirar

DIA BEM PASSADO!

DOMINGO – 14 de abril

Domingo é dia de descanso, assim fizemos, manhã na preguiça e à tarde fomos até à Galeria da Isabel, que é uma portuguesa que vive na Mauritânia há vários anos. É uma casa muito agradável, com um lindo jardim na entrada. Tem variado artesanato do Senegal e do Mali, tem estatuetas e móveis lindíssimos.

Estar na Mauritânia e não ir beber chá às duna seria um crime, mas como não queremos ser presos, fomos lá jantar e beber chá.

Desafiamos uma amiga do Sidi que canta muito bem, ela aceitou o convite e trouxe duas amigas. Éramos 6 no carro, mas não há problema aqui podem ir no carro o número de pessoas que caberem.
Chegamos às dunas já passava das 10 h da noite, não estava luar, acabei por não ver as dunas.

Ficámos numa tenda moura, cada grupo tinha uma tenda para si, um colchão e uma almofada para cada um e lá ficámos bem instaladinhos para do nosso jantar usufruirmos.

O CHÁ

Iniciamos com um chá que é preparado na tenda. O empregado trouxe uma grande bandeja com 4 copos 2 bules pequeninos, chá, açúcar, menta, um balde para despejar a água, um bule grande com água, um fogareiro já com boas brasas, não faltou a bacia e sabão ralado para lavar as mãos.

A cantora é também uma chazeira” cinco estrelas”. Vê-la a preparar o chá é como assistir a um Espectáculo.

Os Movimentos, o Som do chá que é servido à distancia de 20 a 30 cm do copo e deste o chá passa para outro copo e o chá dança de copo em copo e bule e bule e copo, o cheiro das brasas envolve este Bailado que é adoçado 2 ; 3 vezes as que a chazeira achar necessário e por fim introduz a menta de cheiro soberano e a dança continua.

Termina o espectáculo com os copos cheios da seguinte forma:

  • 2 Terços de espuma
  • 1 Terço de chá


Bebe-se o shot de chá e passa-se o copo para a bandeja para recomeçar outra dança e o espectáculo continua…

Assistiu-se a outro espectáculo, mas este cómico, que foi eu a tentar fazer bolinhas de arroz com a mão para o comer. O João não quis dar espectáculo, não comeu o arroz que estava uma delícia.

O jantar foi mesmo tradicional

  • Uma bandeja com frango e borrego e assado.
  • Uma bandeja de arroz
  • Pratos, talheres e guardanapos estão ausentes na refeição moura.
  • A mão direita faz de garfo, faca e colher.
  • A bandeja onde está a comida é o prato comunitário.
  • No final da refeição lava-se as mãos.

E a refeição fica completa com o palitar dos dentes.

Nota:

  • O borrego estava Super Super BOM
  • O prato que comemos chama-se MICHUI

Á 1h da manhã as meninas tiveram que ir para casa e lá íamos nós todos satisfeitos, principalmente o Sidi que ia atrás com as 3 na risota quando fomos “convidados” a parar num controlo policial.

Tudo cá para fora…Portas e Porta-bagagens abertos, passaporte, documentos… de onde vínhamos…para onde íamos..

O carro é de um amigo do Sidi e não tinha documentos, mas…. Está-se Bem – Podem Seguir!- Boa Viagem!

E assim foi…..

DIA BEM PASSADO!

SEGUNDA FEIRA – 15 de abril

Acordámos de madrugada, 9h /9h30m ansiosos por ir às compras, o pior é que não tínhamos dinheiro, mas o Kalil, que é muito certinho, às 10h estava no café para nos emprestar o dinheiro como combinado. O Sidi teve de ficar na loja a tratar da encomenda que estava para chegar na passada 6ª feira à fronteira, mas que entretanto não se sabe por onde anda.

O João e eu sabíamos bem onde andávamos…. A caminho do 5º Eme ao encontro dos nossos Waxs.

Embora o João já conhecesse este mercado, não encontrámos a loja à primeira, pois este local é um autêntico labirinto.

Chegámos à loja nº 160 AB o vendedor já conhece o João, chama-se Hassam. Iniciámos a nossa expedição entre os Waxs às 11h e terminou às 14h. Muito havia ainda por explorar se tivéssemos mais ouguias.

Saímos todos contentes com 4 sacos bem pesados.

Fomos almoçar à pizzaria do nosso “amigo” Samir e enquanto esperávamos pelo Sidi, que nos ia acompanhar ao mercado A Capital, fomos até a casa descansar.

O MERCADO A CAPITAL

A loja onde comprámos os véus já se encontra num edifício novo, as lojas predominantes são as que vendem véus, mas nós fomos direitinhos para a loja nº D00346 – Mostafá.

Há véus lindíssimos e super macios, mas esses não estão ao alcance da nossa bolsa. Entretemo-nos a fazer a nossa escolha entre os véus que vão desde 3000 a 7000 MRO (ouguias). O câmbio presentemente é de 1 euro = a 41 ouguias.

Os véus encontram-se dobrados no chão e pendurados nas paredes.

Famintos de véus, com Prazer tirávamos véus, desdobrávamos véus, dobrávamos véus, empinhávamos véus…

Este sim ….Este não…este talvez ….

O Mostafá também entusiasmado, queria ajudar à Festa e participar na escolha. Não aceitámos nenhum sugerido por ele…Gostos….

As paredes iam ficando despidas e o chão repleto de montes com vários tipos de véus.

Já saciados mas longe de satisfeitos lá nos sentámos no chão a fazer a “continha”.

Iniciámos a noite a “acheter des petit cadeux” – O presente maior é uma caixa com 12 kg de mangas = a 10 euros.

Mauritânia não têm artesanato, aliás eles não fabricam nada, vem tudo de fora. Agricultura não existe, fábricas também não. Numa coisa estão mais à frente que Portugal, já não utilizam sacos de plástico.

A grande causa da degradação das casas e automóveis têm a haver com a falta de matéria prima. Não é por acaso que a maioria dos automóveis estão em muito mau estado, mesmo os carros novos que os donos têm posses, caso tenham uma avaria ou tenham sofrido um toquezinho, vão ficar assim porque não há meios para o arranjar.

As casas são construídas usando a areia da praia para juntar ao cimento, assim o resultado final fica comprometido.

A falta de matéria e o gosto pela posição deitado faz deste país “Um Filme”.

Jantámos em casa, o resto do serão que já ia avançado foi passado a conversar. Adormeci com o Sidi a falar comigo.

DIA BEM PASSADO!

TERÇA FEIRA – 16 de abril

Chegou o dia da partida de Nouakchot, iniciámo-lo da mesma forma que chegámos, no café-restaurante Casa do Sol, mas desta vez tinham para servir o que pedimos – um café – que vem sempre acompanhado de uma garrafa de água.

Desta cidade e deste povo ainda tenho muito por descobrir, um bom motivo para voltar, já para não falar das terras que não visitei (Kaedi e outras) em virtude da “menina do João” ter resolvido ficar parada dois dias. ET – Ficás-te na minha lista negra!!!!!…

Regressar também para usufruir da companhia do Sidi e ver as sucursais da Free Man é o meu desejo. Não tenho palavras para definir a forma carinhosa como fomos recebidos e fiquei a saber que o João e a Sofia têm aqui um “Amigo do Peito”.

Partimos por volta das 11 da manhã, direção Nouadibou.

O deserto e as suas dunas eram os nossos companheiros de viagem. Estava desejosa de pôr o pezinho na areia, mas quando o fiz tive de ir a correr calçar-me tal era a temperatura da areia. Este percurso, de 400 km foi temperado +/- de 40º e VIVA A MAURITÂNIA!

Eu teria ficado de boa vontade deitadinha a saborear a Doçura da Areia na Duna e a Aquecer a Alma, mas o João disse: -Vais apanhar uma insolação. Lá nos fomos “abrigar” na ET e continuar a nossa “peregrinação”.

Pequenas casotas e camelos também fazem parte desta paisagem que tem o horizonte como limite. O João conhece um albergue a poucos km antes do desvio para Dakhla, mas não estava a conseguir encontrar, depois de perguntar a algumas pessoas sem êxito, abrandou a carrinha para questionar uma senhora que estava à borda da estrada, a qual, depois do “Bonjour da praxe” fez um sorriso de orelha a orelha e disse eufórica: – Eu conheço-te Arrête…. arrête, vien…. vien… chez moi.…. E pronto – Arretamos!

O local que antes só tinha a tenda “albergue” agora também tem várias casotas com as antenas caídas no chão devido ao vento que é constante nesta zona. Os forasteiros já não são recebidos na tenda mas sim numa casa de cimento.

ALBERGUE OU A TENDA DÉDE

Fomos logo encaminhados para uma sala composta por colchões e almofadões para descansarmos enquanto nos preparavam um chá.

Portugueses digo-vos uma coisa: – nós temos “fama” de ser hospitaleiros, pois fiquem sabendo que somos “plebe” ao lado destes mouros. Será do clima? Será destas planícies secas a perder de vista? Será por uma questão de sobrevivência que a hospitalidade e a solidariedade são Realeza neste País???????


No albergue Déde, como o João lhe chama, não estavam como era habitual a Déde e a sua mãe. Estava a tia da Déde (a sra. que encontramos na borda da estrada), o seu marido e filha. A tia de nome Tflea , teve de ir para Nouadibou e ficámos só nós os quatro. A filha só falava árabe, mas o marido falava francês. Enquanto bebíamos o chá fomos logo convidados a jantar e pernoitar no albergue. Custo: zero.

É usual estes pequenos albergues receberem os viajantes para que eles possam descansar.

Os mouros são anfitriões de excelência. Gostam de conversar, são muito curiosos e muito observadores.

Curiosidades:

  • Há um ditado que diz, que não há melhor telefone que o telefone árabe – pois eles adoram falar, contar ao outro o que viram e ouviram e assim as novidades passam de boca em boca sem falha de rede, sem falta de carregamento ou avaria no telefone.
  • Prova de solidariedade: os camelos andam à solta no deserto, mas todos têm dono, caso haja algum que se afaste e se perca, quem o encontra acolhe-o, alimenta-o até o dono o encontrar.

Voltando á nossa estadia no albergue Déde, o convite foi aceite com todo o gosto. O jantar foi esparguete com carne de cabra servido em grande quantidade. O João e eu jantámos na sala grande mas o pai e filha noutra sala mais pequena pois as mulheres não se juntam à mesa com ……(até me custa a dizer…).

Depois do jantar lá nos sentamos os 4 a conversar, a beber chá (claro) e a ver fotos tiradas há 12 nos atrás neste local. A filha moça por volta dos 20 anos, Adorou. Pernoitamos aqui, eu na carrinha, pois o albergue á noite começou a ter umas visitas rastejantes, mas o João fez questão de ficar na sala grande.

O João queria colaborar monetariamente para ajuda daquele jantar, mas isso foi logo recusado pelo anfitrião. Deixámos uns pequenos presentes: eu dei uma camisola à filha que ficou toda contente e as taças do Gosto d´Africa que o João deixou para todas as mulheres deste albergue fizeram grande sucesso.

DIA BEM PASSADO!

QUARTA FEIRA – 17 de abril

Iniciámos o dia com um chazinho, o último aqui na Mauritânia. Aqui ainda vi o célebre comboio, mas este não era dos maiores que tem 2 km de carruagens.

A fronteira passámo-la devagar, devagarinho mas sem problemas. Estas fronteiras tanto a de Mauritânia como a de Marrocos têm o horário das 8h às 18h, o que provoca grandes filas de camionetas. Na fronteira da Mauritânia estava um polícia que nos veio logo cumprimentar e saber se a estadia tinha sido boa, pois ele lembrava-se de ter falado connosco quando entrámos. Simpatia e desorganização são características deste local. Passadas 3 a 4 horas lá seguimos viagem em direção ao Barbas onde almoçamos uma taijine de carne picada. – Keifta acompanhada com um delicioso sumo de laranja.

Este restaurante merece o rótulo de “Paragem Obrigatória”.

Hoje o dia está muito mais fresco, já não nos queimamos com a areia quando enchemos as garrafas – — ——-Souvenir Obrigatório.

Os 700 km percorridos hoje, foram passados tranquilamente na companhia de boa música. Tivemos percursos mais agitados devido ás obras na estrada. Os marroquinos estão a construir autênticas auto-estradas aqui no Sara Ocidental e a investir no povoamento deste território, ocupado aos Sauris á vários anos.

Jantamos em Boujdour um jantar com ligeiras particularidades…

  • São 11 da noite, 1º compras um bom peixe numa das bancas que estão na rua à tua disposição, depois levas o peixe para o restaurante mais próximo, onde é grelhado e servido.
  • O peixe era fresquíssimo e saboroso – Preço = 2 euros. Preço do serviço do restaurante onde incluía chá e pão = 3. 50 euros.

Mamámos mais 80 km e encostamos numa área de serviço a dormir na “Maison ET”.

Dia que além de ter sido passado SENTADO foi ….

DIA BEM PASSADO!

QUINTA FEIRA – 18 de abril

A viagem correu sem grandes aventuras, deixámos para trás o deserto com os seus camelos, que por vezes atravessavam a estrada.

Depois de Layoune começámos a ver a célebre árvore de Argan, famosa pelo seu óleo, que é utilizado tanto na culinária como na cosmética. Esta árvore só se dá nesta zona e os marroquinos têm muito orgulho nela.

Curiosidades:

  • Os árabes lavam-se com frequência, é normal vê-los a lavar os pés nos lavatórios dos cafés/restaurantes ou na rua, a seu lado uma garrafa de 1,5L da qual vão colocando água na palma da mão e lavam a cara, o pescoço, as orelhas muito lavadinhas e por último os pés.
  • Na Mauritânia os mouros vestem-se quase sempre com as vestes tradicionais, os homens de Bubu, tipo vestido largo até aos pés com várias maneiras de colocar e as mulheres com a Melafa, tecido enrolado ao corpo que as cobre da cabeça aos pés. Aqui em Marrocos já é muito usual ver mulheres e homens com roupa ocidental.
  • Nos cafés tanto na Mauritânia como em Marrocos servem o café sempre acompanhado de uma garrafa de água.
    Jantámos em Tiznit, onde comi um bom Mishui de carne grelhada e o João uma Taijine de frango com limão que ele tanto desejava. O restaurante chama-se Café Paris, não esquecer!

Acabámos o dia a fazer de turistas, numa loja que vendia vários produtos naturais. Tinha máquinas para fazer o óleo d` argan e outras para uso das 500 especiarias que os marroquinos tanto usam. A lista de compras foi variada, desde o utensílio para fazer a célebre taijine, cosméticos, mel, doce d´argan com passas, cinzeiros… O vendedor rapaz muito simpático chamado Mustafa, do qual ficámos com o contacto telefónico, em agradecimento de tão bons clientes ofereceu nozes e uns bolinhos muito bons, para a viagem.

Saímos da loja acompanhados de 2 árabes a transportar os sacos para a carrinha. A loja chama-se Tiznit Bio.

Dormimos na “Maison ET” numa bomba de serviço à saída de Agadir.

Hoje percorremos aproximadamente 1000 quilómetros.

DIA BEM PASSADO!

SEXTA FEIRA – 19 de abril

Depois do pequeno – almoço toca a colocar-nos na posição mais utilizada estes dias – Sentados na ET a “mamar “ km, enquanto petiscava-mos nozes e bolinhos da Tiznit Bio.

O barco parte de Tanger ás 6 horas da tarde,

toca a despachar

nada de almoçar

é sempre a andar

A ET é que não foi na conversa e fez questão de tomar o pequeno-almoço,

+ almoço

+ lanche

e já agora

+ uma buchazinha para a viagem de barco.

Afinal o barco só partiu às 8h30m e uma hora depois estávamos a pisar terra espanhola – Algeciras.

A viagem de barco foi muito serena, o Mar estava a dormir, vimos o Sol a deitar-se nele e a Lua que mais parecia uma laranja veio-nos cumprimentar.

Nota:

  • Não comer nada no barco, é um conselho, e a carteira e o paladar agradecem.
  • Na fronteira nada a declarar, fizeram um RX à carrinha e a sorrir mandaram-nos continuar.

Nota:

  • ACHO QUE ME APAIXONEI PELOS MOUROS.

Dormimos na estação de serviço em direção a Sevilha. Aqui amaldiçoamos os espanhóis, os euros, o tempo….mas como eles não merecem a tinta da minha caneta não vou escrever o porquê.

Quando me deitei também amaldiçoei a carrinha que estava ao nosso lado, estava ligada por causa da arca frigorífica e fazia um barulho ensurdecedor, mais incomodativo que o ressonar do João.

Juntando os prós e os contras, Digo:

DIA BEM PASSADO

MAS SÓ

DE UM LADO

SÁBADO – 20 de abril

Sábado?…???

Já passaram 15 dias..???….

Sim 15 dias a

“Encher a Alma”…

Sim 15 dias a

“Satisfazer a Vista”….

Sim 15 dias a

“Agradar ao paladar”…

Então vamos lá para Portugal

Para à Família

ESTES 15 DIAS CONTAR..

Agradeço estes 15 dias:

– AO PROF. ANDRÉ

Que me abriu a porta da carrinha.

– AO JOÃO

Que me transportou nela e me levou ao País em que o Impossível é Possível

– ÀS 3 MELHORES FILHAS DO MUNDO

Que trataram de quem eu cá deixei

– AO SIDI

Que me acolheu e me mimou

– AOS MOUROS

Que me encheram a Alma

– À MINHA 1ª FILHA

Que patrocinou esta Viagem Aventura.

A TODOS

Principalmente a Ti que estás sempre comigo e acho que estás a tomar conta de mim

MUITOOOOOOOOO OBRIGADAAAAAAAAAAA